Elisa era do tipo romântica. Sonhava acordada por onde passava. Não conhecia problemas, tampouco era mimada. Apenas acreditava que seu modo de ver a vida era único e feliz. Procurava solucionar seus problemas com muita calma e simpatia.
Um de seus passatempos preferidos era imaginar a vida das pessoas que, como ela, iam e vinham de ônibus todos os dias. Quem seriam? Que histórias teriam vivido? Onde estavam indo?
No seu caminho diário até o ponto, passava por uma casa de dois andares. Havia sempre uma janela com cortinas entreabertas. Elisa podia ver o que deveria ser uma escrivaninha. E pensava: quem é o morador ou a moradora deste quarto? Por que deixa a cortina entreaberta? Será que é para receber os primeiros raios de sol da manhã? Será que é uma criança com medo de escuro?
Com o passar do tempo, em começou a dialogar com os ocupantes imaginários daquele quarto. Todos os dias, ao passar em frente dava bom dia, boa tarde. Deseja boa saúde, enviava mentalmente boas vibrações e desejava que aquela pessoa, fosse quem fosse, estivesse alegre e bem.
Na vida real, Elisa era cheia de amigos. Ninguém sabia de sua rica imaginação. Um dia, numa noite de abril, se reuniu com a turma para uma festa. Conheceu um garoto lindo! Era André. Conversaram a noite inteira. Uma grande afinidade nascia ali. Despediram-se e Elisa pensou que nunca mais falaria com aquele menino.
O tempo passou e encontraram-se novamente em outros eventos da turma. Um dia, o grupo decidiu ir a um show. Mas André precisava pegar um casaco pois iria fazer muito frio. Então, antes de partirem, resolveram ir até a casa dele para pegar a roupa.
Elisa não sabia onde André morava, mas o caminho era parecido com o seu e conhecia bem as ruas da vizinhança. Quando Bruno parou o carro, André abriu a porta e convidou a todos para entrarem um pouco.
Ao descer do carro Elisa levou um choque de emoção. André era morador daquela casa. Finalmente poderia saber quem era o dono da escrivaninha! Sua surpresa foi ainda maior quando entrou no quarto do garoto e lá viu o móvel em frente à janela. Com o coração na boca, Elisa conteve sua alegria.
A partir daquele dia sua vida mudara completamente. E ela e André formaram um lindo e apaixonado casal e foram felizes para sempre.
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