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Mostrando postagens de maio, 2013

Alfabeto da praia

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Autoanálise

Ao longo da vida cada um cria seus dilemas. Suas certezas e incertezas. Cria suas máscaras, suas valas, sua amarras. Com Maria Amélia não foi diferente. Vivendo intensamente o alto de seus 33 anos guardava segredos íntimos, culpas solitárias. Mas usava outras máscaras para disfarçar sua melancolia. Se mostrava forte, durona. Afetada. Espirituosa. Disponível. Crítica em demasia. Chata. Superficial. Queria ser vista assim. Afinal, essa era sua zona de conforto. Quase nunca chorava em público. Quase nunca discutia. Engolia o choro e a raiva. Na adolescência, não havia travesseiro nem diário para compartilhar suas dúvidas. Dividia o quarto com dois irmãos dedo-duros. Sua mãe nunca fora boa em guardar segredos, mas bisbilhotar! Ah, isso ela sabia como ninguém. O refúgio de Maria Amélia era o chuveiro. A água quente lavava a face, levava as tristezas ralo abaixo e abafava os soluços. O tempo passou. Ela cresceu. Saiu de casa. Se casou. Até que numa noite morna de dezembro se lem

Coisas que eu sei

Voar em pensamento Chorar de emoção Calar de raiva Sorrir de vergonha Dormir até tarde Acordar cedo Namorar a insônia  Amar o vento Sentir a chuva Brincar com bebês Fazer bolo de micro-ondas Sangrar e coçar de ansiedade Esconder sentimentos Revelar medos

Suicida

Cada um tem suas dores, seus dilemas. Cada um tem seus fantasmas para espantar. As vezes a dor é tanta que dá vontade de matá-la. As vezes os dilemas são tão complexos que dá vontade de desistir. As vezes os fantasmas são tantos que não há para onde correr.

Libra

Azul ou roxo? Serifa ou sem serifa? Simples ou resbuscado? Layout pronto ou por mim montado? Ser libriano não é fácil. Há tanta coisa linda no mundo que fica difícil escolher uma para chamar de sua. Aí se a gente demora demais, alguém vem e decide por nós. Dá uma raiva.

Ponto de vista

Daqui me vejo ativa. Daqui não vejo o que você vê. O que sente ao ler. Onde está sentado. Deitado. Não vejo seu corpo. Nem sei se é homem ou mulher. Criança ou velho. Mas, pelo menos agora, nesse instante. Nossos pontos de vista se cruzaram. É nosso algo em comum. E daí, como você me vê?

Peter Pan

Ele não queria crescer. Seu desejo era ser criança para sempre. Sem responsabilidades, sem problemas, sem limites. Ele não queria ententer. Crescer é natural. Se a gente resiste, a vida assim, como quem nada quer, tira os grilhões da gaveta e nos aprisiona, e nos tortura, e nos obriga a assumir a vida. Crescer é isso. É bom. Às vezes dói. Mas é bom

Medo de sangue

Ninguém deveria ter medo de sangue. Sangrar faz parte da vida, de vez em quando. Assim como o choro, como o suor, o sangue precisa fluir e misturar-se com o ar. Meu medo não é de sangue. É de deixar de sangrar. Que é o mesmo que sentir.

12 de maio

Nasci, cresci, observei, aprendi. Também caí. Chorei. Sorri. Ensinei. Nasci de novo quando você nasceu. Cresço mais a cada dia. Observo tudo, cada detalhe. Aprendo com você. Também te levanto sem cansar. E choro. E rio. E te ensino.

A

                    A              A        vidA            Acha.   graçA         Anda       e  andA      Aí ela              deixA    Aquele enorme hiato lÁ  Anda vida tenha modéstiA Ainda fel            ladra de sinA Ali o mel            nessa má  rotinA

Onírico 2

No meio da floresta uma cabana de pescadores esta em chamas. O espírito da mata ou a bruxa do lago incendiou o local para se vingar de um amor não correspondido. Sai voando em sua vassoura. Sua saia de fogo arde sob o espartilho preto. Insana, ri afetadamente.

Estátua viva

Parada sobre um caixote branco, a jovem vestida de noiva esperava imóvel, por um contato visual. Chapéu sobre os pés a esperar migalhas de ferro. Aos que lhe jogavam moedas, oferecia uma flor de seu buquê e um intenso olhar de gratidão. Aos que recusam a flor, deixava um triste aceno no ar. Queria se conectar com as pessoas. Ninguém entendia porque fazia isso, mas esse contato a enchia de energia. Através dele, a jovem artista aprendeu a pedir ajuda e a distribuir sorrisos. E quando se tornou celebridade, não foi amada à distância, mas sim de perto. De dentro do coração de seus fãs. Seu nome: Amanda Palmer.

Aniversários

É tão interessante observar as crianças brincarem. Cada faixa etária tem suas regras, suas maneiras. Os bebês querem os brinquedos uns dos outros. Gostam de estar em grupo. Mas brincam sozinhos. É engraçado vê-los aprendendo a brincar. Os maiores, já se viram sozinhos. Interagem mais entre si. Somente por volta dos 4, 5 anos é que começam a brincar juntos. E aí a festa é deles. Nas festinhas de aniversário é que se vê bem essas diferenças. Claro, que nem todos os adultos reparam nas sutilezas da infância. Só pensam na segurança, nos tombos e dodóis. Quando foi que pararam de se divertir? Hora do parabéns. Canta-se. Corta-se o bolo. Volta-se para casa com algumas guloseimas, alguns arranhões e muito cansaço.

Minha história

Dizem que todas as histórias já foram contadas. Mentira. Mentira danada. Nem todas. Nem a minha, nem a sua e provavelmente nem a do seu vizinho. Mas, quem vai contar minha história a não ser eu mesmo? Tudo começou quando eu nasci. Bom, eu acho. Talvez tenha começa do bem antes. Quando meus mais se conheceram. Ou quando meus avós. Ou será que foi quando meus antepassados europeus chegaram. Ou quando meus antepassados índios com eles se encontraram. Ou os negros. Quem é que sabe. Desse jeito vou acabar chegando em Adão e Eva. Ou em Abraão, Moisés. Enfim, talvez a história de todo mundo seja igual. Talvez, nem tanto.

Sementes

Plantar. Regar. Adubar. Regar. Brotar. Florescer. Podar. Crescer. Regar. Crescer mais. Frutificar. Colher. Sementes têm um destino programado. Mesmo sem ser, já são. E sendo, permanecem até a hora da colheita.

Trabalho

Tudo é trabalho. Trabalho manual, braçal, artesanal. Pesado. Temporário. Remunerado ou não. De casa, de rua, de escritório. De parto. Corporal. Mecânico. Tudo é trabalho, mas nem tudo precisa dar trabalho.