Desde que a Internet se popularizou no Brasil, as crianças que têm acesso a ela parecem saber de tudo. Orgulhosas de encontrar as respostas que precisam nos sites de busca, acabam sentindo-se onipotentes.
Mas criança é criança. Hoje, em pleno século 21 ou em tempos longínquos sempre há algo novo a descobrir. Isso aconteceu recentemente com Isabela. Menina meiga, 11 anos que adora passar as tarde nas redes sociais.
Numa tarde apresentava seu site favorito a uma amiga de sua avó. A senhora apreciou a novidade e a comparou com uma espécie de televisão misturada com videogame. A menina riu do olhar de surpresa da senhora.
– Sabe, Isabela – disse enfim à menina – quando eu era da sua idade as famílias se reuniam em frente ao rádio para ouvir notícias e a radionovela. Era mágico imaginar o rosto de nossos artistas favoritos.
– Um rádio para a família toda?! Como vocês conseguiam dona Maria?
Com um dar de ombros, continuou.
– Só mais tarde, bem mais tarde veio a televisão. E as imagens eram em preto e branco. A TV em cores era um luxo. E sabe do que mais? Não existia controle remoto. A gente girava um botão para trocar de canal. Desses também não tínhamos muitas opções. Eram só quatro.
Boquiaberta, Isabela não conseguia conceber o que ouvia.
– Depois, menina, a tecnologia começou a andar cada vez mais rápido. Veio o videocassete, o toca-disco com toca-fita. Quando surgiu o CD você precisava ver o assombro que foi. Som límpido e puro, uma beleza. Hoje, a coisa está tão ligeira que a gente mal consegue acompanhar. Se antes eu via um programa de culinária, hoje tem canal só disso.
– Nossa Dona Maria e como vocês se comunicavam? Como estudavam e faziam os trabalhos?
– Ah, era tudo à mão. Durante a aula combinávamos de nos encontrar na biblioteca. Pesquisávamos nas grandes enciclopédias e escrevíamos o trabalho juntos. Era bom.
Não havia telefone celular e só quem tinha dinheiro podia ter telefone fixo. Por isso, a gente cumpria à risca os horários combinados com nossos pais. Oh, tempinho bom.
Quando se despediu da senhora, Isabela foi direto para o computador procurar todos aqueles objetos de que ouvira falar. Durante o jantar, contou ao pai estupefata a conversa que tivera mais cedo. Ele riu. Ao terminarem, levou a menina a um canto da garagem cheio de tralhas. A menina terminou o dia maravilhada com a viagem no tempo que havia feito.
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